quarta-feira, 6 de julho de 2016

Rendição?




"De tanto querer que me quieras, escucha.
[...] fue tanto querer quererte"


Acredita que eu fui parar no Rio de Janeiro, por duas vezes, quase que sem dinheiro algum, mas um tanto de pretextos na mochila apenas para ganhar um sorriso especial? Testemunhei (e sobrevivi) a alguns tiroteios, caminhei alguns quilômetros do alto do Morro da Babilônia ao Botafogo e me fiz o GPS humano quando me pedia para encontrar em algum bar pela zona sul. Ouvi seu coração bater triste e peguei 30 reais emprestado para presentear-la com um livro que eu sabia que ela ia adorar. A abracei quando senti que devia. Ela não me deixou na rua, quando já era tarde e o metrô não funcionava (e nem quando desmaiei de bêbado sob os Arcos da Lapa rsrs). Tudo que me acometia era encantar-me mais. Cada vez mais. Imensamente mais. Até que veio um beijo sem jeito, com gosto pesado e um tom de culpa. Senhor, como eu quis um beijo daquela menina! Mas não que fosse daquele jeito.

Ai uns anos antes meus olhos brilhavam na direção de uma menina que veio de muito longe. Com voz macia e papo doce. A cabeça nas nuvens e os pés se esforçando para se manter no chão. Quando brigamos andei por 7 quilômetros com uma rosa na mão para lhe pedir perdão (porque ou comprava a rosa ou a passagem do busão). Ela era torta e eu nem tanto. Mostrou-me que tenho asas e que foram feitas para bater e me levar pra onde eu quiser. Tinha dia que ela estava aqui, no outro lá e por algumas semanas na China. Ela sempre voltava e eu estive sempre a esperando.

Hoje estive me propondo a dobrar-me em 20. Não queria nada, mas com o passar dos meses eu quis muito. Quis um sorriso, quis um abraço e um quilo de beijos. A fina linha que me prendia àquela rede, qual ele era o centro, se rompeu e a cada dia ele se vai para longe. Um barquinho a deriva num oceano inteiro salpicado de dor e olhos de marujo sereno que fitam as ondas que se encontram ao casco. Ele alimenta o mar e eu o quis fazer parar, mas não deixou. Quis nadar até ele, mas não deixou. Quis saltar de paraquedas encima da sua embarcação e correr o risco de me afogar, mas ele não deixou. Será que ele sabe que quanto mais se afasta, mais se avança o pôr do meu sol?

De tanto querer abraçar. De tanto querer encontrar. De tanto querer... eu queria e ninguém quase nem via. Meus olhos sempre vão brilhar, por cada letra de cada palavra dirigidas a mim. Só espero poder seguir cantando nossas canções em algum momento, em alguma esquina que a minha rua encontrar com a sua. 

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