sexta-feira, 22 de abril de 2016

Afinidade: A Fim e Intensidade







Vem e, como a água, se molde a meu corpo
Sustente-me e me deixe flutuar sem perigo de cair
Com seu brilho cristalino e seu som constante cura meu espírito e corpo
Banhe-me até a alma e depois se vá, mas volte com cheiro novo

Vem e, como água de rio maduro, corra intensa
Atinja-me com sua força bruta e serena
Ludibrie meus olhos com sua violenta paz
E mergulhe-me às profundezas palpáveis do seu abstrato mistério

Vem, e como água fresca, seduzir-me nesse dia quente
Viole meus poros e roube de mim o calor visceral e impiedoso do sol
Leve tudo que trago no seu curso e me deixe vazio
Expulse-me à margem e me faça querer voltar

Vem e, como água, me faça falta
Alegre-me enquanto estiver e mate-me de saudades quando se for
Encharque-me. Porque o que tens me faz falta
E o que tenho te completa

Por fim venho, te observo correr ao pé do monte
Verifico se não está abraçado a qualquer galho ou tronco de árvore
Se não dança com outro qualquer
Se não secou