sábado, 13 de março de 2010

A Espera


  Notava-se um rapaz jovem e apresentavel.
  Estava com uma blusa verde escura, estampada com alguns desenhos abstratos, uma calça jeans escura e um par de tenis da marca converse all star.
  Possuia a pele em um tom singular de marron claro, quase branco. Os olhos verdes chamavam a atenção e combinavam com a blusa. O cabelo em corte social, baixinho. Aparentava uns 16 anos.
  Parecia ansioso ou preocupado. Volta e meia olhava as horas em seu relogio de pulso e parado na calçada, olhava para todos os lados da rua. Parecia, também, esperar por alguém.
  Dava passos para a esquerda, alguns para a direita, andava em circulos, mas nunca abandonava aquele posto.
  Passaram-se 5 minutos e lá, ainda, estava ele.
  Agora passaram-se 3 horas e ainda estava lá, repetindo seus atos.
  Resolveu sentar-se em um banco proximo e pregar o rosto nas mãos, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Por um segundo pensou em chorar, por mais um pensou em ir embora, mas limitou-se a continuar lá. Esperando seja lá o que fosse.
  A Noite, enfim, findou-se. Escura, sombria e fria. Pensei em ir até e perguntar o que fazia aquele jovem, sentado alí, àquela hora da noite, mas não tive coragem.
  Observando-o da janela, adormeci por um minuto, até que uma brisa me fez abrir os olhos e fui me deitar.
  Acordei de manhã, lá pelas 8:00h e como de costume, fui abir as cortinas e me deparei com aquele menino ainda sentado, no mesmo banco, com as mesmas roupas e com os olhos bem atentos. Espiando cada um dos lados daquela rua.
  Resolvi ir conversar com ele, por muita curiosidade.
  Descobri que esperava por alguém. Seus olhos brilharam quando me contou que esperava por uma menina, que me deu a certeza de ser a mais bela de todas.
  Deduzi ser "o amor juvenil que todos um dia tivemos". Aconselhei-o a ir tomar um banho, voltar a sua casa, comer algo, mas ele se recusou. Entou o recomendei que fosse até a minha e,mais uma vez, negou o convite.
  Desconcertado deixei-o lá.
  Devolta em minha casa, voltei a sacada da janela e reparei em suas feições, que não desmascarava nenhuma ponta de sono ou tristeza. Por um minuto tive a sensação de ter visto uma lagrima cair de meus olhos. Fui fazer meus desjejum, assisti um pouco de TV e voltei a janela, onde se encontrava o menino, ainda naquele lugar.
  Foi então que um carro veio em alta velocidade e com uma freiada brusca, que motivou os peneus gritarem, chamando a atenção de todos, parou em frente ao menino. Pulou de lá um sujeito suspeito, trajado de roupas escuras.
  Segurou o nosso amigo apaixonado pelo pescoço, e lançou-lhe tres facadas em direção ao coração.
  Lançou o rapaz no chão e deu-lhe mais tres puntapés.
  Tudo que ouvi da voz do menino foi um: "Quem é você?" e "Por que faz isto?"
  O sujeito estranho, só respondeu por entre os dentes: "Não suporto mais vê-lo parado aí"
  Largou o menino machuado no chão e pulou de volta para dentro de seu carro.
  Desci de minha sacada, ja chamando uma ambulancia, gritando socorro, e depois de algum tempo percebi que estava chorando.
  Em meio a toda aquela bagunça de curiosos que observavam, surgi do meio da multidão e fui ver ser o rapaz ainda estava vivo.
  Como se um buraco tivesse abrido em meu coração, chorei.
  O rapaz havia morrido.

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