quarta-feira, 17 de junho de 2015

"Tome um rumo, menino!"








 Em uma madrugada qualquer destas, estava ali em um ponto de ônibus deserto uma figura delgada. Óculos grandes e aparentava ser bastante mais jovem para sua real idade. Chovia uma chuva fina e ventava forte. Olhava para todos os lados da rua e seus olhos pesados lutavam para manter-se abertos.
  Esperava um ônibus, mas não sabia para onde ir. Linhas para todos os pontos da cidade eram atendidas por aquele ponto. Mas ele não sabia para onde ir. Apenas havia chegado de algum lugar que não era para ele. Aquele ponto era famoso por isto. Era um ponto de baldeação de trabalhadores pelas manhãs, de estudantes pela tarde e de boêmios pela noite. As madrugadas eram dos vagantes. Esperavam ali solitários para sabe-se lá onde.

  Não podia estar ali por toda uma noite. Precisava se decidir rápido. O risco de acidentes ou assaltos era eminente. Veio um ônibus rumo a zona sul. De lá havia vindo, mas tomou-o outra vez.
  Espera encontrar um lugar diferente. Espero abordá-lo com outros olhos. Quer sentir-se em casa, mas em casa não é possível quando se tem que escolher demais para que lado ir. Não era mais o mesmo de cinco minutos atrás. Não queria ser o de cinco minutos a frente.

  Deve ir para algum lugar, mas quer descansar. Têm que encontrar o seu lugar, mas quer dormir. Têm que encontrar sua onda e deixar ser empurrado por ela.