sábado, 14 de dezembro de 2013

Inquietude

  Poderia chegar aqui e despejar meia-duzia de frases, que para olhos arrenos, são ocas. Entretanto, hoje resolvi me debater de um jeito diferente. O tédio já tem alcançado minha agenda de coisas a fazer. Principalmente depois de todos esses versos (que os julgo chulos) publicados por aí abaixo.
  Mas aclaro que há algo que me incomoda. Confesso que nesta minha vida tão curta (mas nem por isso lenta) muita coisa me incomoda. Entretanto a estas horas da madrugada me deparo com um fato social que... me lembra a um turbilhão de algodões com estacas de madeira afiada ligando de ponta a ponta. Ora, posso explicar-me se me permitem.
  Ouvi dizer que foi no século XXI que esta sensação tem se propagado pelo mundo. Ao nascer somos injetados, como uma vacina na corrente sanguínea, aí nesse turbilhão. Acontece de uma maneira tão rápida, que quase se reflete no físico. Quase que, para renderem mais, os bebês já nascem falando. Enfim, me refiro a essa sensação de querer mergulhar nessa onda e sentir que pedaços da sua roupa, pele e carne ficam presos por aí.
  Por vezes me imagino correndo, como um ratinho, dentro de uma bolinha. Sempre correndo mais e mais e mais... sempre seguindo e nunca chegando. É que tem tanta gente te dizendo o que fazer, o que comer, o que vestir, o que falar... Nem sabemos mais quem nos manda fazer o quê. Passo a montar um altar pro deus do Marketing e por minha quase alienação quase o adoro.
  Querem que você leve um pouquinho de tudo, desde que deixes uma parcela do seu trabalho pra trás... mas báh! O pior mesmo é quando a briga social se instaura no ringue da sua cabeça. Todos devem escolher um lado, diz a TV. Mas pra quê, se ela já o escolheu por mim? No Brasil, ser pró-palestina é ser ousado, em contrapartida ser pró-israel é ser coxinha. E a TV, te diz o quê?
  Ainda sim não é exatamente isto que me incomoda. Acho que não ando suportando esta sistemática da vida. Esta sociedade que me oferece os assentos mais desconfortáveis e longes da janela. Olha que nasci aqui e não na classe E. Sinto-me inusitadamente como um daqueles joguinhos infantis, quando estão por aprender as formas geométricas, as crianças. Parece que sou um triângulo e teimam em me passar pelo buraco do quadrado.
  Agora, dizem que tenho mais liberdade (legal, moral e social) para fazer uma pá de escolhas. Mas não é assim que andamos a brincar de Fraternité, Egalité e Liberté. E sabemos ainda disso, mas nos cegamos. E vive-se bem assim... Desconsiderando a cegueira, o tato grita!

Ainda assim, não descrevi metade do sentimento, já único, que me incomoda por alguns anos. Parece que tiraram o norte da minha bússola e andei usando o sur-sudoeste como referencia....
Parece que me falta algo, mas porque me dizem tanto o que fazer não consigo achar. Tem tanta luz na minha frente que caminho, mesmo, às cegas (ainda que sabendo que por algum caminho asfaltado estou passando).

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

E tu, o Que Queres? (Rádio Mano Papachango)






_ Mamãe, posso ter filhos?
_ Ainda não, porque tens apenas sete anos. Mas os terás, quando cresças e se case.
_ Mas eu quero agora!
_ Ainda eres um menino. Melhor ir brincar.
_ Mamãe, como são feitos os filhos?
_ Ora, não penses nestas coisas agora.
_ Por favor, me diga mamãe.
_ A mamãe oferece a terra, enquanto o papai planta a semente. Esta semente, então, se fará flor.
_ E quem é a flor?
_ Você.

_ Por que não podem os filhos nascerem de dentro dos pais?


O rádio, então, fala mais alto

"Sete e cinquenta e seis
O médico do povo. Sete e cinquenta e sete
O médico do povo! Artrite, asma, diabetes e impotências
Hoje temos a oportunidade
De dirigirmos a todos os meninos
É um momento muito importante, definitivamente
Revelar-lhes-ei o segredo mais importante da humanidade
A verdade sobre o nascimento dos filhos"
Metade e metade é o suficiente, já te digo.
_ Mamãe, quero ter filhos já! E tu, o que queres?

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

S/T








   Aquele soprano badalou sua infância
   Notas em tons alegres
   Prelúdio.







quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Like a Shadow (In The Mourning)

It still beating on my chest
Everyday, never rest. Never ends.
Sometimes it's weakly
Most times strongly

I don't know what I should do!
I should be over all the butterflies on my stomach!
Always when I remember of our little talks
It feels like crying and laughing

Happiness and sadness at the same time!
You're still close to me
Even though there's an ocean and some rocks between us.
I remember there are no "us".

Among kicks and punches
There was a hug, a kiss and some love.
Among every vodka bottle
There was a nice smile.

I wanted you, you and only you!
I still dream of you and no one else.
I told myself I would be strong enough to overcome it all.
But it's difficult when your heart was stolen.

When it's beating on a far kingdom, under meters of snow.
My arms are claiming for only one person
My nose want to breath only her smell.
My head is such a mess.

I do no own anything on this video.

Jeg ville ha deg, deg og bare deg!
Jeg fortsatt drømme om deg og ingen andre.
Jeg sa til meg selv at jeg ville være sterk nok til å overvinne alt.
Men det er vanskelig når ditt hjerte ble stjålet.
Og nå er det å slå på en langt rike

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conformidade




Sabe quando já havia passado um bom tempo conformado com a sensação de que nada poderia mudar?
Que quando o que mais se quer é que um ponto da sua reta vá dar do lado de fora das paralelas da monotonia?
Por mais que todos os pontos desta reta estejam desalinhados, nada supera as expectativas?

Dessa vez foi diferente
Por uma fraçãozinha de tempo vi tudo pelo lado de fora
Porque é do lado de fora que a alegria e a felicidade estão
Bem aventurado é aquele que se deixa tentar escapar de dentro
Ainda que a recompensa seja, nas vistas e na cabeça, um borrão.

Por mais que teu argumento seja tão ínfimo como um "Já é?"
Fui ao encontro do inesperado
E gostei do que inesperei
E quero me aprofundar no que gostei
Apesar de toda rosa ter espinhos...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Perceber

Eu não quero mais tentar entender a realidade.
Muitas dizem que ela é simples, outros dizem que ela é dura.
Mas eu digo que para mim ela é indiferente.
Ou ainda não sei opinar sobre isso direito.

Durante muito tempo pensei que caminhava sobre tijolos concretos
Mas, enfim, hoje percebi que não fazia mais do que vagar por sobre as nuvens
Apenas sonhando, ou delirando.
Não sei mais a diferença entre o dormir e o acordar

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Por Um Fim





Abri as janelas e vi a planície
Vi aquele azul diferente
Deixei aquele vento carregado de novos perfumes entrar
Eu respirei
Expirei o que tinha preso no pulmão

Abri aquela porta pesada
Empurrei-a com firmeza
Pus meus pés pra fora
Dá janela via-se um dia lindo
Já lá fora, tudo era cinza

Estavam muitos graus abaixo de zero
E eu não tinha agasalho
A neve estava muitos centímetros mais espessa
E meus sapatos se atolavam
Fui assim mesmo

Disseram-me: "não vá!"
Em todos os idiomas imagináveis
Mas teimei
Foi um passo largo
E não chorei

E eu me atrevi a correr
E eu me atrevi a gritar
Sozinho, na neve, tentei me encontrar
Soquei os muros
Chutei as pedras

Eu sangrei
Me quebrei
Enfim, chorei
E já cego
À casa voltei

terça-feira, 9 de abril de 2013

A Cantar





¡Ey! ¡Sofia!
Estoy herido por el polvo
Ando descalzo por la sal del desierto
Adelgazado por las palabras que comí
Hinchado por las lagrimas que cayeron
Roto por las bestias que abrazé

¡Ey! ¡Sofia!
Dijeronme que todavia soy joven
Pero mi columna me grita como a los ochenta
Tu fardo que me has jurado más liviano
¡Arrodillate! ordename susurrando

¡Ey! ¡Sigur!
No hemos llegado a la baía del rio
Me llevaste al otro lado
En la ruta de los colores
Al lago que se los comia

¡Ey! ¡Sigur!
Estoy ahogandome
La nieve blanca se cambió en água oscura
Sirenas me cantan los pecados mios
Entre lineas me dicen como nadar
Nos juntamos y entre lineas nos ponemos a cantar

sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma Lembrança

Vinha entediado do meu quarto e adentrava a cozinha. Deparava-me quase sempre com a mesma imagem. Aquela jovem senhora parada ali em frente ao balcão. O cheiro anunciava coisa gostosa. Era doce e quente. Aproximava-me para que meus olhos aclarassem meu olfato. E ela estava ali, derramando o brigadeiro de panela sobre o bolo recém tirado do forno. Era de coca-cola. Muita gente olha com preconceito ou espanto para essa receita. Mas se tinha coisa que ela poderia fazer e alegrar a familia, era esse seu famoso bolo de coca-cola com brigadeiro. Perguntava-lhe se queria ajuda e com um sorriso respondia que era para rapar a panela e dividir com meus irmãos. Olhava satisfeita para a sua criação. Adicionava esse sabor ali, na história daquela gente. Não simplesmente porque sua receita era impecável. Mas porque era uma amostra de carinho. Era mais que um simples bolo de coca-cola com cobertura de brigadeiro. Havia amor naquilo tudo. Havia esforço.

domingo, 10 de março de 2013

Parte I

"Sobre as asas do tempo, a tristeza vai-se embora." 
Jean de La Foutaine

  "O facto de sermos habitados por uma nostalgia incompreensível seria mesmo assim o sinal de que existe um além." 
Eugene Ionesco

   Furtivamente nos vimos, pela primeira vez, no meio de quase uma multidão de pessoas, que acompanhavam um festival de música incomum organizado pela cidade. Sua irmã de consideração nos apresentou de maneira tão rápida, que tudo o que pude dizer foi apenas um singelo e seco "oi". A atenção dela era requisitada por vários e, ao meu olhar, eu não era prioridade em conhecer Alice, que respondeu educadamente em tom polido e sofisticado. Mas, logo foi empurrada a um outro grupo de pessoas sedentas por sua atenção.
   Senti uma coisa estranha enquanto acompanhava o ausentar, quase que involuntário, de Alice. Apesar da deficiência de luz, em uma noite de inverno, pude perceber vários traços em seu rosto, o que me fazia instantaneamente concluir que ela era linda. Aquela moça que mal falava a mesma língua que eu captou a minha atenção e se eu não chegasse mais perto, se eu não tentasse arrancar ao menos uma palavra além do primeiro "oi" seguramente me arrependeria por um bom tempo.
   Na semana seguinte, com seu numero de telefone ainda guardado em minha memória, a convidei a um baile e ela compareceu. Passamos horas falando sobre qualquer coisa, mas o que me importava era seu sorriso. Com alguns copos já vazios sobre a mesa senti que seu rosto já estava mais perto do meu. Minha mente girava, mas a alegria pulava para todos os lados de mim para ela e vice-versa. Certamente aquele foi o beijo, que fez este rapaz esguio e sem atrativos, o mais feliz em toda uma geração.
   Um telefonema. Alguém a chama. Já era hora de ir-se embora. Por algum motivo meus óculos estavam em sua bolsa. Um último beijo. E ela se foi.