quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sem Título

Três meses
E o que pensei que acabaria com um minuto
Continua plantado aqui
Com raízes profundas, firme ao solo

Quero correr e gritar
Não apenas sentar e chorar
Quero abraçar e sentir de novo
O perfume que de alguma forma continua impregnado em mim

Espero que o que sentias por mim
Ainda esteja vivo e se alimentando
O que sentia por ti já está obeso
E talvez morra por excesso

Me prometi inúmeras vezes que não me importaria mais
Mas me importo
Sempre me importei



At denne teksten, viser opp til deg sannheten

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

23:59h-00:00h

"Melting Clocks" - Dali
 




 Ele passou seis anos a fio. Contando os meses, contando os dias. Contou todo o tempo que lhe era possível até aquele momento.
   Um segundo se passou do dia doze de fevereiro de dois mil e doze, dando a luz ao próximo minuto, que com trinta segundos já tinha vivido metade de sua vida inteira. Dois minutos se passaram. O relógio tictaqueando viciosamente seus ponteiros dando continuidade àquele sistema de contagem de tempos.
   O calendário se exibia na mesma parede, milimetricamente equidistante de seu parceiro contador. Era tão banal observar aquela cena tediosa de um relógio fazendo, com seus ponteiros, aquele mesmo caminho que por toda sua vida foi igual, ao lado de um calendário.
   Foram seis anos sonhando com esse segundo que acaba de se passar. Um segundo, mas carregado de simbologias das mais diversas. Passou seis anos se preparando para provar a quem devia que é capaz de se virar. Se preparando para colocar em prática na rua o que aprendeu em casa.  Para explorar o que nunca te esteve tão perto, ou o que aqueles mais velhos não tiveram o interesse de explorar com ele.
   Queria viajar para todos os cantos acessíveis com apenas uma bicicleta. Cruzar as Américas de carona ou voar para as terras de além-mar. Queria responder por si mesmo e gritar seus ideais ao mundo e tinha a certeza que convenceria muita gente. Queria ter o espaço dele, onde planejasse as suas coisas e as executasse, por si mesmo.
   Tenta se isolar na bolha de seus pensamentos, agora, desde aquele segundo crucial. Passa mais tempo conversando consigo mesmo que com os seres ao seu lado. Aderiu a certo tipo de solidão misturada a determinação, onde nada e nem ninguém te desanimariam e te tirariam do caminho que havia escolhido para si. Mas, a tempestade havia começado em seu porto seguro.
   As pessoas que o olhavam de longe, daquela distância que ele impôs entre si e o resto do mundo, com apenas dez minutos de incomum conversa sabiam; Que parecia bule frio, mas não passa de uma chaleira berrante a ponto de estourar. Ninguém ouviu esta chaleira ainda e parece que nunca ouviram.
  _ Quando ela estourar, só espero não estar lá!