Pássaro tentando acordar seu parceiro já morto |
Sou só um caco solto de um vitral maior,
Sou uma folha seca derradeira no vento frio,
Um grão de areia a quilômetros da praia,
Uma formiga perdida em terra de gigantes.
Tentei ser aquilo que nunca fui,
Tentei ser o melhor balão num quintal de espinhos,
Joguei-me a corrida dos grandes,
Com pernas tortas, curtas e magrelas.
Fui a formiga que comeu com tamanduás,
A presa fácil que correu mais rápido que a onça,
O pardal que atravessou o Atlântico,
E que nunca foi aquilo que deveria ser.
Tomo ódio do mundo por largos momentos,
Ao questionar porque o esforço dos grandes é menor que o seu
E transbordo minha ira em curtos silêncios
Porque dos meus braços delgados,
Só o afastamento é a grandiosidade condizente.
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